A Norma Técnica de Desempenho ABNT NBR 15.575 em discussão



Brasil - A Norma Técnica de Desempenho para edificações habitacionais de até cinco pavimentos –ABNT NBR 15.575 – Partes 1 a 6: Construtoras pedem maior prazo de adequação à Norma de Desempenho para edificações habitacionais de até cinco pavimentos - Michel Mello.

A Norma Técnica de Desempenho para edificações habitacionais de até cinco pavimentos –ABNT NBR 15.575 – Partes 1 a 6 – foi publicada no dia 12 de maio de 2008 e entrou em vigor em 12 de maio de 2010. Mas, ainda hoje é motivo de muita polêmica no setor da construção civil. O Item 1.2 do escopo da norma determina que ela não se aplica a projetos protocolados nos órgãos competentes até seis meses após a data da entrada em vigor. Portanto, a validade real é no dia 12 de novembro de 2010, quando todos os projetos protocolados devem obedecer ao que determina a NBR 15.575: 2008. Uma questão que chama atenção é o pedido de prorrogação do prazo para a validade desta norma, solicitado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC junto ao Comitê Brasileiro da Construção Civil – CB – 02 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. O objetivo da norma é estabelecer critérios de desempenho para atender às exigências dos usuários de edifícios habitacionais, independentemente da maneira como a obra foi construída, atender, bem como, definir critérios mínimos para materiais em termos de desempenho acústico, térmico, de iluminação, hidráulica, dentre outros, além das características técnicas de pisos e coberturas em edificações de até cinco pavimentos. E essa parcela da construção inclui, desde os programas habitacionais de moradias populares como o Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV, do governo federal, até edifícios com cinco pavimentos, o que engloba as diferentes classes sociais e as diversas tipologias da construção. Além disso, a NBR 15.575 inclui um mecanismo de rastreabilidade para a construção, que permite, em casos de falhas de materiais ou estruturas, indicar e determinar responsabilidades.

No embate em prol da qualidade das edificações, estão de um lado as construtoras, representadas pela CBIC e sindicatos da construção civil, que argumentam que precisam de mais tempo para adequação à norma e citam o aumento de custos para construção. Incluindo a sobretaxação do valor de obras junto ao Tribunal de Contas da União – TCU. Já a ABNT, pretende validar a norma e realizar alterações pontuais em termos necessários.

A Posição da ABNT
Carlos Borges: Será feito um pleito para a ABNT neste sentido e entendo que seja sensato adiar o prazo de vigência por certo período. O superintendente do CB-02 da ABNT, Carlos Borges, afirma que: “todas as normas técnicas têm por objetivo melhorar a qualidade das obras, regular o mercado e atender ao consumidor de imóveis quanto as suas necessidades. As normas são um meio para que este objetivo seja atingido, mas não são absolutas e perfeitas e podem eventualmente existir tecnologias não normatizadas que também atendam aos mesmos objetivos”. O superintende garante que: “A atualização das normas técnicas não acompanha a velocidade das mudanças tecnológicas e é legítimo que em algumas situações possam ser utilizadas soluções não normatizadas, desde que haja comprovação sobre sua eficácia. Quanto mais rapidamente as normas forem atualizadas, menor será esta defasagem, daí a necessidade de uma mudança permanente”, completa.
Existem questões sobre o desempenho acústico, térmico e de iluminação, além das características técnicas do piso em edificações de até cinco pavimentos que precisam de mudanças e maior discussão. É o que alega o setor da construção civil. Em sua opinião, a ABNT NBR 15575 perturba as construtoras?
ABNT: A norma foi publicada em 12 de maio de 2008 e teve dois anos de carência para que o setor da construção civil se preparasse para atendê-la. Isto não aconteceu na prática e, com a vigência da norma, agora há uma preocupação do mercado quanto à dificuldade de atender aos requisitos de desempenho e o aumento de custo decorrente de sua aplicação. Acho que a norma precisa de revisão, de discussão, sem dúvida e poderia até ter a sua vigência adiada, mas de nada adianta isso acontecer se não houver um comprometimento setorial de mudança verdadeira na forma de conceber, projetar e executar as edificações para o desempenho.

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Que fazer com nossas cidades?



Brasil - Jornal O Estado de S. Paulo - 10.12.2010: Até no parque indígena do Xingu já tem placas de energia solar!

A população mundial concentra-se 50% nas áreas urbanas, e desse total, são emitidos dois terços dos gases, causadores principal do agravamento das mudanças climáticas - o que sugere que não haverá solução adequada sem provê-las de energia limpa e renovável. Outro estudo recente, do Prêmio Nobel de Química de 1998, professor Walter Kohn, do Portal do Meio Ambiente, lembra que o petróleo e o gás natural respondem hoje por 60% do consumo global de energia, somado o carvão, chega-se perto de 80%, e que a geração por esses caminhos ainda crescerá nas próximas décadas. Mas ainda nesta primeira metade do século, pensa ele, as energias solar e eólica assumirão a vanguarda. Só na última década a fotovoltaica multiplicou a potência instalada em 90 vezes e a eólica, em dez vezes. Em dois anos as centrais termoelétricas a energia solar chegaram a 940 MW de capacidade instalada, principalmente na Espanha, onde há mais 28 em construção. Uma tendencia inegável e urgente. Esse tema encontra sempre o contra-argumento da inviabilidade das energias alternativas por causa do preço mais alto - que estaria aqui em 290,00 R$/MWh, ante 120,00 R$/MWh nas centrais termoelétricas convencionais e 85,00 R$/MWh nas hidrelétricas. Nos países onde os controles ambientais são mais severos, o avanço das energias renováveis é muito forte: na União Europeia, mais 8% em 2009, comparado com 2008, enquanto o gás recuou 10,1% e o carvão, 9,2%; a meta é chegar com as renováveis a 20% da matriz energética em 2020.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 2009 os investimentos no mundo nessa área chegaram a US$ 162 bilhões. E o Brasil ficou em quinto lugar, com US$ 7,8 bilhões, 39% menos que em 2008, atrás da China e dos EUA. Diz o Pnuma, que o Brasil pode economizar, só com a substituição de lâmpadas, pelo menos 3% da energia que consome, que significaria R$ 2 bilhões anuais. Com a recente queda no custo, o setor das renováveis, por aqui começa a expandir-se também. Está entrando em construção a primeira fábrica de painéis para geração de energia solar, fruto de investimento de R$ 500 milhões de empresas brasileira e suíça, para produzir já em 2012 nada menos que 850 de mil painéis por ano, que custarão R$ 300 cada, para gerar por unidade 150 watts. Já no Ceará, um empresário começou a instalar postes de iluminação pública abastecidos por energias solar e eólica. O poste tem mecanismo em forma de avião, com três metros de comprimento, que captura energias do vento e do Sol e as deposita numa bateria com capacidade de até mil watts e autonomia de uma semana.

Até no Parque Indígena do Xingu estão sendo instaladas placas solares em aldeias, onde o Instituto Socioambiental promove cursos de capacitação. No Deserto do Saara, cientistas do Japão e da Argélia unem-se em projeto para fabricar células fotovoltaicas com silício, ali abundantes, e gerar energia a ser enviada para várias partes do mundo por supercondutores resfriados por nitrogênio líquido. Muito interessante, é um projeto já em execução nos arredores de Paredes, em Portugal, para implantar uma cidade sustentável que terá um computador central com uma rede de sensores ligada a cada edifício, para monitorar temperatura, umidade, uso de energia, que será de fontes fotovoltaica e eólica, uso de água, geração de lixo, etc. Os edifícios pré-fabricados serão cobertos por vegetação, para amenizar a temperatura, e poderão abastecer uns aos outros de água e energia caso necessário por alguma contingência. E se pensa mais uma vez: quando serão discutidos com seriedade, os dramáticos problemas das nossas cidades, principalmente as megacidades?

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Por que o Brasil será a 4ª potência do planeta



Brasil - Jornal Correio Braziliense -09.01.2011: De Emergentes a donos do mundo

Até 2020, sete países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, serão maiores do que as atuais potências juntas. Em quatro décadas, a economia brasileira se tornará a quarta principal do planeta. Os olhos das montadoras já não brilham mais por Estados Unidos, Alemanha e Japão. Agora, quando querem bater recordes de vendas de carros, as multinacionais despejam primeiro nas prateleiras do Brasil, da China, da Índia as suas principais apostas. Com os bancos ocorre a mesma coisa. Ao longo das próximas décadas, os gigantes financeiros acreditam que a maior parte de seus lucros jorrará dos que se denomina hoje países emergentes. O que as empresas e as instituições financeiras vislumbram em seus planos estratégicos é um pequeno resumo da mutação pela qual passa a ordem global.

Não à toa, a missão da presidente Dilma Rousseff se agigantou. As condições estão dadas para o crescimento a taxas anuais de 5% ou 6%. É um objetivo perfeitamente factível pelos próximos 15 e 20 anos. E trunfos não faltam ao país. Ao contrário dos concorrentes diretos na corrida pelo topo do mundo, o Brasil dispõe de qualidades quase que imbatíveis, tanto para quem quer consolidar crescimento econômico de longo prazo com distribuição de renda, quanto para quem almeja ser visto como parceiro do meio ambiente e ter voz ativa nos fóruns internacionais. Há água em abundância, a maior área agricultável do mundo, uma matriz energética limpa e ainda longe do esgotamento. O mercado consumidor brasileiro, que a cada seis anos produz uma Espanha disposta a comprar, também é uma carta na manga. Isso sem falar no pré-sal, terceira maior reserva de petróleo do mundo, o que coloca o Brasil entre os 10 principais produtores globais. Ou seja, como resume o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, para se chegar à vitória, bastará seguir à risca a lição de casa. Sem estripulias.

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Sustentabilidade em pauta nas empresas do setor da construção



Brasil - CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentavel -10.05.2011: Por Roberto de Souza, que é eng°. Civil, Mestre e Dr. em engenharia pela Escola Politécnica da USP, consultor de empresas e diretor do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).

Ao longo destes últimos anos vem se esboçando um cenário em que as exigências da sociedade civil, de investidores, financiadores e consumidores obrigam as empresas a levarem em conta o impacto de suas atividades em todo seu entorno. Em particular no setor da construção estas exigências começam a se acentuar devido ao alto impacto ambiental e social das atividades de fabricação de materiais, projeto, construção e uso e operação de edificações, empreendimentos e obras pesadas. Este movimento vem consolidando o conceito de Sustentabilidade Corporativa.

Um dos sinais da valorização da Sustentabilidade Corporativa é a adoção pela BOVESPA do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial, já adotado por um grupo seleto de empresas. A Sustentabilidade incorpora também os valores da ética, transparência e comunicação, assim como as boas práticas de governança corporativa, tendo como resultante um diferencial focado no desenvolvimento sustentável e no compromisso com as gerações futuras. A Eco-eficiência é uma das práticas da sustentabilidade, por meio da qual as empresas buscam produzir mais com menor utilização de energia, água e materiais, seja graças à melhoria de eficiência nos processos produtivos existentes, seja por abordagens inovadoras em projeto, materiais, equipamentos e construção. Pode-se destacar neste sentido a inovação dos projetos de edificações visando à redução do consumo de energia, o reuso e a economia de água, a gestão de resíduos de obra, a coleta seletiva e reciclagem do lixo, etc..

Um outro mecanismo diz respeito à certificação ambiental de empreendimentos, que avalia o desempenho do empreendimento com base em normas reconhecidas internacionalmente, e conhecido como o movimento dos “green buildings”. O Ciclo de Vida do Produto mede o consumo de recursos ambientais e a geração de gases e resíduos durante todo o ciclo de vida dos materiais e componentes empregados na construção, passando pela extração da matéria-prima, transporte, fabricação, aplicação e uso final dos materiais e componentes nas obras. A adoção dos Relatórios de Sustentabilidade, mostrando o desempenho econômico, social e ambiental da empresa de forma integrada, é a evidência objetiva – demonstrada por meio de ações e indicadores – de que a empresa adota as práticas de sustentabilidade e as comunica às partes interessadas.

O Brasil vive um momento extremamente rico em oportunidades para as empresas do setor da construção que queiram se diferenciar e assumir práticas de sustentabilidade em seus negócios, empreendimentos e obras. Trata-se de uma questão de visão estratégica e decisão empresarial que resulta em ganhos tanto para a empresa quanto para seus clientes, a comunidade, a sociedade e as gerações futuras

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